sexta-feira, 21 de março de 2014

Vida cigana

Toda vez que eu digo que os meus pais tem um parque de diversões infantil as pessoas falam: "Nossa, mas você deve ter sido a criança mais feliz do mundo". Sim. Fui. E era uma benção só que ao contrário. 
Sempre viajamos muito, muito mesmo. Costumo dizer que devo ter sido "feita" com o carro em movimento (mas acho que foi numa barraca de camping mesmo). Os meus pais começaram vendendo bola, daquela bolão, sabe? Meu pai teve uma mesa de jogos por um tempo. Depois comprou um pula-pula inflável e quantas histórias nesse pula-pula. Uma vez faltou luz e eu estava lá dentro, começou a "desabar" e imaginem só o desespero da criança. Felizmente, meu tio Juca (que trabalhou com eles por muito tempo) me "salvou" e os negócios cresceram...
Sobre eu ser a criança mais feliz, reitero. Era mesmo. Brincava várias vezes indo de carrossel em carrossel - um de jipes, um de motos, outro daquelas motos com carona. E sabe o que eu imaginava? Cada "volta" num dos brinquedos era uma viagem que eu fazia. "Agora to indo pra a praia" "Agora vou pra a casa de vó Rita" "Agora vou pra Feira". Acho que essa coisa de viajar já estava bem interiorizada em mim. 
Eu demorei a aprender a dirigir sozinha no bate-bate e isso era péssimo porque eu dependia do meu irmão mais velho para poder brincar no aparelho mais legal do parque. Até que um dia eu disse ao funcionário: eu sei, eu vou sozinha. Mentira. E quem estava lá percebeu. Nossa, acho que devo ter galo na cabeça até hoje (galo = aquele inchaço provocado por pancadas na cabeça). Mas depois,  a vingança foi maligna (risos internos e eternos). Quando eu aprendi a "dirigir" (leiam bater em todos sem limites), o responsável pelo brinquedo tinha que me proibir. E imagine que insuportável. Filha do dono e proibida? - Mainha, Zé não quer deixar eu ir no bate-bate. Sabem o que ela respondia? - Então não vai brincar mesmo. Minha mãe é dessas. Mas eu aprendi a ter limites assim.
Quero dizer alguns limites. Se eu contar a quantidade de vezes que briguei com outras crianças no tobogã, cama elástica, pula-pula... Teria que escrever um livro (o que não é má ideia), mas por enquanto fica só essa breve crônica de uma vida quase cigana. Afinal, ter Moura no nome deve ser algum sinal né?

Rua Parque Pintinho Mundo da Diversão Fotos: Rodrigo Cazeta











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