A previsão do tempo indicava mais de 80% de possibilidade de chuva, mas a veia turística pulsava e, poxa, quando eu estarei de bobeira pelo Sul do Brasil de novo?! Perguntando de pessoa em pessoa, qual linha passava próximo, finalmente chegamos a Casa de Pedra. E o que é a Casa de Pedra? Uma casa feita de pedra, ora bolas! Mas não somente uma casa; já havia sido casa, açougue, curral e muitas coisas antes de ser adquirida pela prefeitura de Caxias do Sul em 1974 (graças ao centenário da imigração italiana) e se tornar um museu charmoso, frio e aconchegante.
Com medo da chuva e com a própria chuva, acabei não fotografando muito a parte externa da casa, mas muito trouxe da parte de dentro. Dividida em 2 espaços no térreo e um outro no primeiro andar, a casa dispõe de uma espécie de salão (onde as pessoas são recebidas ao chegar) e uma cozinha-banheiro-tudo, pois teoricamente era assim que funcionava; e no primeiro andar um quarto coletivo.
Algumas coisas históricas engraçadas: Toda a família tomava banho usando a mesma água e era o primeiro era o pai, chegando até o caçula (que deveria ficar bem imundo). As mesas tinham compartimentos para esconder a comida em caso de visitas indesejadas chegarem (eram tempos de muitas dificuldades). A Casa de Pedra levou 10 anos para ser construída e é feita totalmente de pedras assentadas e rejuntadas com barro (algo similar às nossas casas de taipa no sertão nordestino). Ter guarda-roupa era o$tentação! Crêem? Era sinal de casa própria; quem não tinha casa própria, usava os baus para transportar roupas e pertences. A maioria dos medicamentos que existiam eram para prisão de ventre (!!!), único mal realmente palpável que eles (imigrantes, possíveis primeiros moradores da casa) conheciam. Muitas pessoas morriam de câncer, pois as panelas eram feitas de chumbo, metal altamente cancerígeno.
Muita suposição e muita imaginação ajudam no passeio. Não é difícil fazer referências a novelas globais, cujos cenários e figurinos foram bem produzidos. Muitos dos objetos que compõem a ambiência da casa foram doados por pessoas da cidade (objetos herdados de família, a maioria)
Enquanto viajávamos pela história desse lugar, uma chuva torrencial começou lá fora e aproveitamos o Museu Ambiência para esperar a chuva diminuir (o que não aconteceu, então tomamos um banho).
Em seguida, Igreja de São Pelegrino. Conto no próximo post! Confira as fotos da parte interna, com legendas explicativas:
Embaixo desses potes que supostamente serviriam para guardar mantimentos, tem uma espécie de pia, com uma encanação simples que levaria a água utilizada para o lado de fora. Ao lado, tem um forno que ficava pro lado de fora da casa também - o medo de incêndios era algo muito forte.
Ah! Além disso, as pessoas tomavam banho na cozinha pois era o cômodo mais quente da casa (vigilância sanitária pra quê?)
Essa é uma mesa de jantar (com as gavetas, como eu falei). Em cima dela, formas retangulares para bolos e uma enorme e pesada máquina de fazer pão, que precisava de 4 pessoas para ser manuseada.
Alguns equipamentos para o trabalho agrícola
Esse armário, supostamente, serviria como dispensa para guardar mantimentos, como a carne que precisava ser salgada para não estragar (afinal, fazia frio, mas não tinha geladeira, né, gente!)
Vista da janela de cima, do quarto coletivo.
Todas as camas tinham essa parte que "barrava" os pés, para que as pessoas não dormissem com corpos esticados, pois só se deveria ficar assim no caixão! Os colchões eram feitos totalmente de palha (por isso, mais uma vez, o medo de incêndio).
Esse berço com esses bonequinhos me deu uma sensação de filme de terror (aquele com a boneca Annabelle); ele foi doado por uma senhora que contou que pelo menos 16 irmãos (não lembro o número exato) teriam usado o berço.
Na cabeceira da cama, dois quadros: a boa e a má morte. Na boa morte, familiares reunidos, anjos auxiliando. Na má morte, uma pessoa solitária, apegada ao dinheiro e diabinhos carregando. E além disso, os únicos medicamentos que se tinha conhecimento - licor de cacau, etc
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